Somos estudantes de Psicologia na Universidade Católica, do segundo ano.
Este blog foi construido no ambito da disciplina Psicologia da Paz, tendo como tema principal o Terrorismo.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Segunda Entrega


Este cartoon faz uma forte crítica à maneira como determinadas sociedades respondem e contra-atacam ao chamado “terrorismo”. Esta critica pode ser evidente pelo contraste entre estas duas situações, que nos faz de certo relembrar a situação que actualmente tem sido vivida pelo Iraque, quando em confronto com a América.
Esta imagem faz-nos pensar como o terrorismo pode ser visto perante duas perspectivas bem distintas e na dificuldade que a sua definição nos traz. Afinal quem são os terroristas? E o que é o terrorismo?
Para explicarmos melhor o conteúdo crítico deste cartoon e para percebermos bem a complexidade destas duas visões, iremos falar de um caso específico, que é o da guerra no Iraque, isto por ser um tema muito actual e já muito badalado nos dias de hoje.
Tendo a América sofrido um ataque, que denominou de “terrorista” e que de um ponto de vista ocidental se encaixa na definição deste conceito, decidiu contrapor atacando também. Como podemos verificar na observação deste cartoon, está expressa (do lado esquerdo) esta visão do “ataque”. Contudo, ao tentar impor o seu ponto de vista no outro lado do mundo e justificando este ataque como uma “guerra ao terrorismo”, não poderemos assim dizer, que praticaram também algum acto terrorista? A questão é subtilmente focada nesta imagem, visto que de um modo irónico, apresenta-nos o ataque (do lado direito) como “militarismo”.
Uma outra questão levantada por este cartoon, está na dificuldade hoje em dia, de perceber o que é ou não legal, porque se olharmos de diferentes pontos de vista (mais uma vez!), actos semelhantes, mas a que são atribuídos nomes diferentes, são também “punidos” de forma diferente. O que queremos dizer com isto, é que dado que definimos o terrorismo como um acto que consiste no uso da violência física, ou psicológica, por indivíduos ou grupos políticos, contra a ordem estabelecida através de um ataque a um governo ou população que o legitimou de modo que os estragos psicológicos ultrapassam largamente o círculo das vítimas para incluir o resto do território, não poderemos assim dizer que o que os E.U.A. fizeram, não terá sido um “ataque terrorista” também? Se virmos esta definição, palavra por palavra, podemos verificar que foi usada efectivamente a violência contra um determinado governo e população, provocando diversos estragos físicos e psicológicos, mas designam estas acções por uma espécie de defesa e de prevenção ao terrorismo e não um ataque terrorista.
Podemos assim concluir, que de certa forma, possivelmente haverá uma atitude terrorista de ambos os lados, mas são atribuídos nomes diferentes e causas diferentes.
Deixamos aqui uma questão em aberto, estes ataques serão fruto de um confronto de ideias distintas, ou uma tentativa de as impor à força?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Experiências de vida e terror


Assim como não existe uma única personalidade terrorista ou perfil, uma determinada constelação de experiências de vida não é necessária nem suficiente para causar terrorismo. Para perceber o papel das experiências de vida no caminho para o terrorismo, os estudiosos baseiam-se principalmente em três temas: Injustiça, abuso e humilhação.
O senso comum e a experiência, dizem-nos que as pessoas que são mal tratadas e/ou foram injustamente castigadas, procurarão vingança (Field, 1979).
Alguns membros da comunidade psiquiátrica continuam a partilhar desta opinião. Akhtar (1999) conclui que "existem evidências de que a maioria dos grandes elementos de organizações terroristas, são eles próprios, indivíduos profundamente traumatizados.
Em crianças muitos deles sofreram abusos físicos crónicos e uma profunda humilhação emocional.

Países ricos e pobres passam por um aprendizado social que engendra uma nova sociabilidade quotidiana cujo fundamento está na assimilação da ideia da fragilidade da vida. Mesmo que tenha crescido o controlo social e a indústria da segurança pública e particular, os indivíduos estão aprendendo rapidamente que a vida está sempre por um fio. A convivência com o horror é diária e desta condição deve nascer uma nova sensibilidade e uma nova percepção de estar no mundo.
O terrorista de hoje pode ser o herói de amanhã, dependendo do êxito ou fracasso da causa que defenda; assim a história nos tem ensinado. Ao mesmo tempo, acções terroristas de estado, como o são as guerras em geral, podem ser classificadas como “santas”, “preventivas”, ou mesmo, “económicas” (no sentido de economizar vítimas futuras, como por exemplo: os bombardeios atómicos a Hiroxima e Nagasaki que teriam poupado a vida de milhares de soldados, ao custo de matarem mais de 40.000 crianças em férias!). A irracionalidade, termo que pode ser utilizado como um eufemismo para a velha designação de “loucura”, é uma constante nesta discussão que não consegue ser reduzida por qualquer teoria económica, política ou histórica de nossos quotidianos conflitos.
Em suma: a capacidade de destruir é muito mais implementada do que a de socorrer, mesmo aos membros de uma mesma comunidade!

Conceito Moderno de terrorismo!


O terrorismo no século XXI está a mudar. As técnicas , as tecnologias e os alvos estão a evoluir. Os terroristas ganharam dimensão,globarizaram-se, estão mais perigosos e sofistificados. O desafio é ficar sempre à frente dessas mudanças. Cada Terrorismo Moderno centra-se em actos individuais de terrorismo e conta a história segundo a perspectiva das pessoas que os viveram de perto.
O terrorismo actual é considerado a pior versão da guerra entre o fraco e o forte, nela niguém é poupado, seja criança, idoso, ou pessoas que nada tenham a ver com a causa. O objectivo é destruiu e matar da “melhor” e maior maneira possível, sem piedade . Todo este terror com o objectivo de embutir o medo entre as populações civis dos estados dominadores e por consequência destabilizar os seus governos.
Quem é o culpado? Porque é que a situação chegou a este limite?
A culpa está no sistema neoliberal adoptado em quase todos os paises. O sistema capitalista não mede esforços para manter a qualquer custo, o mercado “livre”, de concentrar as riquezas e reservar o seu lucro para uma minoria. Desde a queda do Muro de Berli até hoje, o mundo passou por uma forte recessão.
A sensação de injustiça aumenta e atentados terroristas alargam-sepor todo o mundo sem distinção, seja em Moscou,Buenos Aires ou Nairóbi. A situação tende a piorar, governos violentos e grupos terroristas suicidas impõe uma situação que se torna caótica ao cenário mundial. Entre 2001 e 2004 nunca se viu tanta violência em ambas as partes sem tentativa de conciliação ou diálogo pacifico.
O nosso mundo contém várias tribos, nações e paises, cada um com a sua caracteristica peculiar e uma maneira de ser. Infelizmente nem todas as sociedades respeitam a maneira de ser de cada um,impondo a sua regra politica, religiosa-ideológicas,económicas e militares até atingir uma estrutura padronizada. Vimos isto no Império Romano, na Colonização Portuguesa e Espanhola, o Império Inglês e actualmente com os EUA a partir da Primeira Guerra Mundial.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Papel da ideologia no comportamento terrorista


A ideologia desempenha um papel crucial na selecção da meta terrorista, pois fornece aos terroristas uma motivação inicial para a acção e proporciona-lhes um prisma através do qual eles visualizam os eventos e acções da outras pessoas( Drake, 1998).
A ideologia é frequentemente definida como uma prática comum em que é acordado um conjunto de regras que ajudam a regular e a determinar um comportamento.
Ideologias que apoiam o terrorismo, embora sejam bastante diversificadas, parecem ter três características comuns: elas devem fornecer um conjunto de crenças que orientam e justificam uma série de mandatos comportamentais; não podem ser violadas nem podem ser questionáveis, e os comportamentos devem ser vistos como dirigidos para servir uma causa ou para atingir um determinado objectivo. A cultura é um importante factor no desenvolvimento de uma ideologia, mas o seu impacto sobre ideologias terroristas especificamente, ainda não foi estudada.
Para finalizar, podemos dizer que qualquer que seja o motivo que o terrorista invoca, ele é fortemente impulsionado pela crença de que a vitória da causa, deve ser alcançada a qualquer custo. Os terroristas, em nome de uma religião, justificam a violência dos seus actos como autodefesa ou para vingar as comunidades religiosas a que pertencem. “Eles acreditam que existe a diferença entre o certo e o errado, mas também acreditam que se fizerem alguma coisa em nome da causa, esta será justificada, mesmo que seja errada”, diz Rona Fields, psicóloga americana que tem estudado terroristas há mais de 30 anos. No fundo conclui-se que a religião não é inocente, mas ela não provoca violência por qualquer razão, isto só acontece devido a um conjunto peculiar de circunstâncias, sejam elas políticas, sociais ou ideológicas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Guerra Psicológica


O Departamento de Defesa Norte Americano define guerra psicológica como: "O uso planeado de propaganda ou outras acções psicológicas com o objectivo primário de influenciar as opiniões, emoções, atitudes e comportamento de grupos estrangeiros hostis, de forma a alcançar os objectivos da nação."
Embora os ataques causem mortes trágicas e ferimentos graves, o objectivo do terrorismo, por natureza, é produzir efeitos psicológicos de longo alcance além da (s) vítima (s) ou do objecto imediato da sua violência. A sua finalidade é instilar o medo interno e assim intimidar ou afectar o comportamento de um público-alvo.
Esse público varia dependendo das metas, das motivações e dos objectivos dos terroristas. Pode incluir um governo nacional ou um partido político, um grupo étnico ou religioso rival, um país inteiro e seus cidadãos ou a opinião internacional. O ataque terrorista pode tanto desejar especificamente um determinado segmento do público ou vários públicos.
A publicidade gerada por um ataque terrorista e a atenção focada nos seus perpetradores são planejadas para dar poder aos terroristas, estimulando um ambiente de medo e intimidação propício à manipulação terrorista. Nesse aspecto, o sucesso do terrorismo é melhor mensurado não pela métrica aceite da guerra convencional, isto é, número de inimigos mortos em batalha, quantidade de militares mortos ou território geográfico conquistado, mas pela sua capacidade de atrair a atenção para os terroristas e sua causa e pelo impacto psicológico e efeitos destruidores que os terroristas esperam causar ao público-alvo.
Os terroristas usam a violência ou exercitam a ameaça da violência porque acreditam que somente por meio de acções violentas brutais a sua causa pode triunfar e as suas metas políticas de longo prazo podem ser conquistadas. As operações são então planejadas deliberadamente para apavorar, chocar, impressionar e intimidar, garantindo que os seus actos sejam suficientemente audaciosos, sangrentos e animalescos para capturar a atenção dos media e, por sua vez, também do público e do governo. Dessa forma, ao invés de ser visto como indiscriminado ou insensato, o terrorismo é na verdade uma aplicação deliberada e planejada da violência.

Vulnerabilidades dos grupos terroristas

“The same factors that aid in the formation of terrorist organizations may also be related to their decline.” – Oots, 1989



Todos nós temos o nosso “calcanhar de Aquiles”.
Relativamente aos grupos terroristas, as suas possíveis fragilidades estão divididas em duas categorias, internas e externas.
No primeiro grupo encontram-se as seguintes valências:

Desconfiança interna, ou seja, as organizações terroristas necessitam de manter um razoável nível interno de segurança para conseguirem conduzirem as suas operações e, até mesmo sobreviver; são vigilantes de modo a que não sejam surpreendidos por pessoas infiltradas.

Inactividade, dado que os grupos estão mais vulneráveis durante períodos de inactividade e quando não estão focados em possíveis ameaças externas, mas sim nos seus valores e objectivos comuns.

Competição pelo poder interno, a certo ponto podem ser geradas discussões entre o grupo. Oots (1989178) observes that “internal struggles for the leadership of the organization are likely to divide the organization into factions and lead to its decline as well”.

Desacordos, uma vez que nos grupos terroristas existem grandes diferenças relativamente a certos pontos como tácticas, questões éticas, uso da força, entre outros.

Passando agora para os factores externos, são eles:

Suporte Externo, uma vez que não seria possível uma organização, sendo ela política ou ideológica, sobreviver sem suporte financeiro, bélico ou organizacional. O grupo deve possuir o número generoso de meios para atrair e manter uma organização.

Conflitos Inter-Grupais, sendo que o conflito é uma característica constante dos grupos terroristas. Para além dos conflitos intra-grupais, também são gerados os inter-grupais, potenciais ameaças para uma organização terrorista.

Constituintes/”Apoiantes”, esta valência diz respeito à população que fornece um suporte instrumental ou expressivo aos grupos terroristas, ou que simplesmente simpatiza com a sua causa. Esta poderá ser uma área de elevada vulnerabilidade, uma vez que os grupos terroristas têm de ter em conta as reacções dos seus “apoiantes” face aos seus actos.
De facto, os “apoiantes” destes grupos podem deter ou encorajar um acto terrorista.

Radicalização e Terrorismo


O terrorismo não é produto de uma única decisão, mas o resultado final de um processo dialéctico que gradualmente empurra um indivíduo em direcção a um compromisso com a violência ao longo do tempo.
Com base numa análise de vários militantes de grupos extremistas com diversas ideologias, Borum observa que existem "alguns marcadores observáveis ou fases do processo que são comuns a muitos indivíduos em grupos extremistas e zelosos seguidores de extremistas ideológicos, tanto estrangeiros como nacionais. O processo começa por percepcionar algum evento insatisfatório como injusto. A injustiça é atribuída a uma meta política, pessoa, ou nação. O responsável, percebe como uma ameaça, o que facilita a justificação para a agressão.".
Ele descreve o desenvolvimento das ideias extremistas e a sua justificação da violência em quatro estádios simples. No primeiro estádio o ponto de partida é a queixa ou o sentimento de insatisfação, geralmente relativo a alguma restrição ou privação percebida da pessoa no seu meio ambiente. No segundo, refere-se à percepção de uma discrepância percebida como injusta e que suscita sentimentos de ressentimento. No terceiro estádio, acredita-se que coisas “más” podem acontecer na vida, que as injustiças normalmente não ocorrem sem uma causa. Por ultimo, o quarto diz respeito à erosão (por vezes intencional) das barreiras psicológicas e sociais que inibem o comportamento agressivo, mesmo na presença de impulsos agressivos ou intenções. Isto pode criar justificações para uma acção ou desumanização das vítimas, assim como a sua auto-percepção como “mal”.
Apesar do modelo ter valor heurístico, não é estatisticamente relevante, e tem mais fundamento para extremistas (militantes) violentos, do que para uma ideologia extremista em geral, para além de que ainda não é claro como é que se faz a progressão dos estádios de se tornar, permanecer e sair.

domingo, 17 de maio de 2009

Como é que as organizações terroristas se formam, funcionam e terminam?


“O grupo que executa o acto do terrorismo é mais significante do que o indivíduo.” Crenshaw, 1992

O Crenshaw (1985190) aponta várias semelhanças estruturais e principais entre grupos terroristas políticos e outras organizações voluntárias não violentas. Especificamente faz o seguinte paralelismo:
• “O grupo tem uma estrutura definida e as decisões são feitas colectivamente.
• Os membros da organização ocupam papéis que são funcionalmente diferenciados;
• São reconhecidos líderes em posições da autoridade formal;
• A organização tem acções colectivas que ela persegue como uma unidade e com a responsabilidade comum reclamada para as mesmas. ”

A capacidade de atrair e doutrinar novos recrutas jovens é crítica ao êxito de longo prazo de qualquer organização terrorista (Oots, 1989194). A maior parte das organizações extremistas têm um tempo de vida relativamente curto, só aquelas que são resilientes sobreviverão. Se a organização for persistente e activa em operações de alto risco, é vulnerável a perdas substanciais de captura, encarceramento, ou morte dos seus membros.
Os terroristas enfocam o seu recrutamento onde os sentimentos sobre a privação percebida são os mais profundos e os mais penetrantes. As redes sociais e as relações interpessoais fornecem conexões críticas do recrutamento em organizações terroristas. Os recrutadores terroristas eficazes identificam ou comunicam sobre a perspectiva um sentido de urgência e iminência “para fechar o acordo.”
O principal objectivo de qualquer grupo é manter a sua própria sobrevivência ou a existência como um colectivo. O seu sucesso a longo prazo depende da sua capacidade, para a capacidade de atrair e doutrinar um fluxo constante de novos recrutas.
O grupo deve ser capaz de manter tanto a coesão como a lealdade. Os líderes eficazes de organizações terroristas devem ser capazes:
· manter um sistema de crença colectiva;
· estabelecer e manter rotinas organizacionais;
· controlar o fluxo de comunicação;
· manipular incentivos (intencional e metas) para os seguidores;
· desviar conflitos externos de metas e manter a acção.

Outra evidência sobre grupos, porém, é que eles são dinâmicos e em constante evolução em termos de estrutura, composição, cultura, crenças, percepções, actividade, unidade e dedicação.
Apesar de todos os esforços pelos grupos em manter toda a sua estrutura, existem inúmeros caminhos pelos quais uma organização terrorista é eliminada ou cai em declínio. Alguns são canibalizados por vulnerabilidades e conflitos internos, outros são dizimados pelo governo.

Em que medida é que a personalidade individual é relevante para entender e prevenir o terrorismo?


Os traços da nossa personalidade não conseguem explicar a maior parte dos comportamentos humanos, inclusive comportamentos violentos.
A personalidade é formada pelo conjunto dos dados externos e internos que moldam a maneira de ser.
O perfil do terrorista suicida não é o de um psicopata ou de um bandido, como se acredita. Normalmente ele é um ser humano como qualquer outro, com princípios morais e religiosos. O psiquiatra muçulmano Dr. Eyad Sarraj diz que os terroristas islâmicos são "geralmente pessoas tímidas, introvertidas e não violentas, de uma forma geral".
Aliás, não existe um perfil psicológico claro, pois os terroristas não têm distúrbios mentais, são pessoas comuns, em geral jovens inseguros com forte desejo de afiliação a um grupo. Um psicopata não trabalha em equipa e não tem lealdade aos valores do seu grupo social, a sua motivação é intrinsecamente egocêntrica. Já para um terrorista suicida, a motivação é altruística, o gesto de dar a vida pela causa do grupo a que pertence é valorizado na cultura dos homens-bomba. Ou seja, os terroristas estão convictos de que estão do lado do bem ao atacar o “grande Satã”. O Islamismo tem orientação pacifista, a barbárie dos atentados só é passível se justificativa através de um processo de deformação, feitas por segmentos fanáticos, nos preceitos desta religião.
Qualquer que seja a causa que o terrorista invoca, ele é firmemente impulsionado pela crença de que a vitória da causa deve ser alcançada a qualquer custo. Os terroristas, em nome da religião, costumam justificar a violência em nome da autodefesa ou para vingar as comunidades religiosas a que pertencem. "Eles acreditam que existe uma diferença entre o certo e errado, mas também que se fizerem alguma coisa em nome da causa, ela será justificada, mesmo que seja errada", diz Rona Fields, uma psicóloga americana que tem estudado terroristas por mais de 30 anos.

Não há nenhuma personalidade terrorista, nem há qualquer perfil exacto, psicologicamente ou de outra maneira, do terrorista. Além disso, os traços de personalidade sozinhos tendem a não ser prognosticadores muito bons do comportamento. A investigação para entender terrorismo estudando traços de personalidade terroristas provavelmente será uma área improdutiva de nova investigação e interrogação.

A Psicopatologia e o Terrorismo

De que forma é que a psicopatologia é relevante para percebermos e prevenirmos o terrorismo? Desde cedo, o “objectivo” da Psicologia é explicar certos comportamentos disfuncionais que possam ser considerados como patológicos; desta forma, ao sermos bombardeados, pelos meios de comunicação, sobre os actos terroristas, damos connosco a pensar que provavelmente, estas são pessoas com disfunções cognitivas ou emocionais ou portadores de doença mental, visto que nenhum indivíduo “normal” faria algo tão monstruoso.
Contudo, esta ideia de que o terrorismo é produto de desordens mentais tem vindo a ser desacreditada.
Para muitos especialistas, o terrorismo é fruto de um comportamento anti-social, ou seja, um historial de vida caracterizado por comportamentos de raiva e anti-sociais como mentir, roubar, agressões a terceiros ou até mesmo, actividades criminosas.
Por sua vez, a Psicopatia é reconhecida como uma síndrome clínica similar à Perturbação Anti-Social, dado que os comportamentos característicos desta são semelhantes à Psicopatia, todavia, esta é caracterizada por elementos essenciais de deficiente experiência emocional, isto é, ausência de culpa, empatia e remorsos e, também, falta de vontade de explorar relacionamentos interpessoais, isto é, insensibilidade, indiferença, uso dos outros e um estilo de vida parasita. Só apenas cerca de 25% dos indivíduos com Perturbação Anti-Social da Personalidade possuem estas características adicionais para se diagnosticar uma Personalidade Psicopata.
Assim, embora os terroristas cometam actos odiosos, estes serão raramente classificados como “psicopatas”, uma vez que os primeiros se guiam por princípios religiosos ou ideologias, enquanto que os psicopatas não formam estas ligações, nem estariam dispostos a sacrificarem-se, incluindo morrer, por uma causa.
Concluiu-se que é muito raro encontrar terroristas portadores de doenças mentais ou de desordens; estes sujeitos não são seres disfuncionais ou patológicos, mas sim pessoas lúcidas, racionais, possuidoras de motivos válidos que conduzem outra forma política que incentiva a violência, o terrorismo.

Como e porque é que as pessoas entram, ficam e saem de uma organização terrorista?


A investigação recente baseia-se no porquê de os indivíduos se tornarem terroristas, mas é necessário fazer questões mais pertinentes a nível de investigação, que não se baseiem apenas no porquê!
Investigadores dizem que nem sempre os terroristas tomam uma decisão prévia consciente de que se querem tornar terroristas. Entre os principais factores psicológicos na compreensão de como e quais os indivíduos de um determinado ambiente que vão entrar no processo de se tornarem terroristas, são o motivo e a vulnerabilidade dos mesmos.
O motivo é uma emoção, um desejo, uma necessidade psicológica, ou impulsos semelhantes que actuam como um incentivo à acção, enquanto que a vulnerabilidade se refere à susceptibilidade ou resistência à persuasão ou à tentação.
Uma das motivações para a “entrada” no terrorismo é muitas vezes a causa ideológica de um determinado grupo. No entanto, a razão e os motivos para se juntarem a uma organização terrorista, podem ser bastante variados, consoante os grupos e até mesmo o tempo.
Martha Crenshaw sugere que há pelo menos quatro categorias de motivação entre os terroristas, são elas a oportunidade de acção, a necessidade de pertença, o desejo de estatuto social e a aquisição de uma recompensa. Post foi ainda mais longe ao sugerir ainda que o terrorismo é um fim a si próprio, independente de quaisquer objectivos políticos ou ideológicos.
Horgan tem enquadrado a vulnerabilidade de uma maneira mais lúcida e útil como “factores que apontam para algumas pessoas que têm uma maior abertura e um maior engajamento do que outros”. Com base numa revisão da literatura existem três temas motivacionais: injustiça, identidade e pertença. Estes temas estão relacionados com a abertura e vulnerabilidade e parecem ser proeminentes e consistentes.
Estes três factores foram encontrados com frequência nas decisões de entrada numa organização terrorista e na participação em actividades terroristas. Muitos analistas referem que estas podem ser as verdadeiras causas do terrorismo, independentemente da ideologia.

O que é um terrorista?


É difícil definirmos o que é um terrorista, provavelmente se procurarmos num dicionário ou na internet, muitas são as definições que encontraremos, provavelmente semelhantes a esta que diz que um terrorista é alguém que usa a violência, contra uma população ou governo, para provocar um estrago psicológico superior ao acto em si.
No entanto, apesar de tudo, é difícil dizer quem são ou não estes terroristas, o que os move e que objectivos pretendem atingir.
Ao longo do nosso blog, vamos não só abordar a definição de terrorismo, como tentar compreende-la através de uma visão mais relacionada com a Psicologia. Faremos reflexões críticas, acerca do que se passa na actualidade a este nível e abordaremos os estudos mais recentes.

sexta-feira, 10 de abril de 2009


O tema do nosso blog é o terrorismo, iremos abordar os diversos contributos da psicologia neste campo e o seu impacto psicológico.
Escolhemos este tema, porque nos parece de interesse global e bastante abordado nos dias de hoje, tanto pelos meios de comunicação social, como por entidades politicas, ou em conversas informais em diversos contextos.
O terrorismo sempre esteve presente ao longo dos tempos, nas mais diversas culturas e formas, a sua definição não é consensual.
A expressão terrorismo foi utilizada pela primeira vez no ano de 1790 em plena revolução francesa, quando os radicais jacobinos, em confronto com a burguesia, criaram os chamados tribunais revolucionários para “julgar” e condenar à guilhotina os seus opositores, caracterizando uma fase da revolução denominada de terror (Oliveira, 1899).
Alguns investigadores identificam o terrorismo como um fenómeno histórico, contextualmente situado, que se transforma ao longo dos tempos. Laqueur considera que apenas pode-se dizer que é: “[...] o uso da violência por parte de um grupo para fins politicos, normalmente dirigido contra um governo, mas por vezes contra outro grupo étnico, classe, raça, religião ou movimento politico. Qualquer tentativa de ser mais específico está votada ao fracasso, pela simples razão que não há um, mas muitos terrorismos diferentes” (Laqueur, 1999).
Há pelo menos quatro sentidos para a expressão terrorismo, sendo eles, terrorismo indiscriminado, terrorismo selectivo, terrorismo de estado e, por ultimo, o terrorismo comunitário.
O terrorismo tem vindo a aumentar graças ao grande impacto psicológico que tem nas sociedades e graças à enorme cobertura que a imprensa pode dar a estes acontecimentos. Tendo como objectivo principal destruir a moral das suas vítimas, utiliza a violência para atingir principalmente o carácter psicológico do indivíduo. O medo, que é um instrumento biológico de sobrevivência, supostamente útil para evitar o perigo, passa assim a ser manipulado.
De certa forma, quem sobreviveu ou observou os fenómenos de terrorismo, ou ficam fascinados com o poder dos “terroristas” e passam a apoiá-los, ou ficam chocados e retaliam, ou por ultimo, ficam aterrorizados. É deste modo possível perceber, que os grupos terroristas, vivem das experiências traumáticas que desencadeiam, de modo a obter resultados ainda superiores às suas próprias acções.
O terrorismo não tem que ter necessariamente um rosto ou uma bandeira e pode ser desencadeado apenas por um indivíduo, que não tem que ter uma personalidade ou um perfil psicológico especifico.
As pessoas tornam-se terroristas, por diferentes motivos e tendo objectivos diferentes. A injustiça percebida, a necessidade de identificação e de pertença são características comuns em potenciais terroristas, mas nem todos os terroristas têm doenças mentais, nem todos são psicopatas e apesar de apresentarem, muitos deles, historias de maus-tratos infantis, abusos sexuais ou traumas, no seu historial de vida, estas duas características não são de modo nenhum, factores justificativos únicos destes acontecimentos de grande violência.
Nem todas as ideologias extremistas promovem a violência, no entanto, os terroristas justificam-na sempre, pela necessidade de promoção de uma causa importante, mas não será inteligente perguntar, se em vez de uma promoção de uma causa, não será antes a destruição daqueles que se opõem às suas ideias?
A violência é provocada por variados factores, muitos deles com fortes relações entre si. É provocada por uma complexa interacção entre factores biológicos, sociais/contextuais, cognitivos e emocionais que ocorrem ao longo do tempo. Algumas causas são mais proeminentes para certos indivíduos e para certos tipos de violência e agressão.
O que leva um ser humano a matar outro, a quebrar as suas barreiras, são não só as influências sociais/ambientais, como também a capacidade de cada um para perceber a situação em que se envolve.
O recrutamento destes indivíduos, segundo as investigações e análises já efectuadas, parece estar concentrado nas áreas em que as pessoas se sentem mais insatisfeitas. Os “líderes” destas organizações, têm que ser capazes de manter um sistema de grupo, com rotinas e crenças; controlar o desenrolar da comunicação; manipular incentivos para os seus seguidores; desviar conflitos para alvos externos e manter a acção a rolar.
Tem sido dada muito pouca atenção na psicologia ao desenvolvimento teórico para explicar a violência.
“A teoria mais amplamente reconhecida que aborda as raízes de todas as formas de violência é o modelo psicanalítico. Apesar da sua influência nos escritores da ciência política, sociologia, história, literatura e criminologia, este modelo tem fundações lógicas, teóricas e empíricas fracas” (Beck, 2002). Freud via a agressão como algo instintivo, os humanos têm a energia da vida (eros) e a da morte (thanatos) que procuram um equilibro interno. A violência era assim vista como o “deslocamento” da thanatos para si mesmo ou para os outros.
Uma outra teoria dá como a principal causa da violência humana a relação existente entre a frustração e a agressão. A premissa básica é de que a agressão é sempre produzida pela frustração e que a frustração produz sempre agressão. No entanto, as pesquisas efectuadas, parecem não estabelecer uma ligação assim tão evidente entre estas duas, não é justo então dizer que a frustração por si só seja o factor único necessário. O que se pressupõe é que a frustração leva à raiva, que por sua vez na presença de estímulos agressivos podem levar à agressão. Embora os resultados que foram obtidos posteriormente não sejam coerentes ou contraditórios, “é razoável concluir que estímulos agressivos possam facilitar, mas provavelmente não possam induzir a comportamentos agressivos.” (Tedeschi & Felson, 1994).
A teoria de aprendizagem social sugere que os padrões comportamentais são adquiridos por contingências estabelecidas entre o comportamento e as suas consequências. Quando o comportamento é seguido por resultados desejados, este é reforçado, quando é seguido pelo comportamento indesejado, esse comportamento é “punido”. Esta teoria sugere que a agressão é aprendida não só através de uma experiência directa, mas também através da observação. Deste modo a agressão é vista como comportamento aprendido, aprendemos as consequências do comportamento, como fazê-lo, a quem deve ser dirigido, o que justifica a provocação dele e quando é apropriado. “Se a agressão é um comportamento aprendido, então o terrorismo é um tipo específico de comportamento agressivo, que também pode ser aprendido” (Oots & Wiegele, 1985).
A teoria cognitiva, por outro lado, tem como ideia básica, que as pessoas podem interagir com seu meio ambiente com base na forma como elas o percebem e interpretam, ou seja, fazem um mapa cognitivo do seu ambiente social, e essas percepções determinam o seu comportamento. Há factores internos e externos que podem afectar a percepção de cada um. É frequente encontrar em pessoas que são altamente agressivas estas duas características: uma incapacidade para gerar soluções não agressivas para conflitos e uma hipersensibilidade para perceber estímulos agressivos e hostis no ambiente, principalmente estímulos interpessoais. "As acções dos terroristas são baseadas numa interpretação subjectiva do mundo e não na realidade objectiva. As percepções do ambiente político e social são filtradas através de crenças e atitudes que reflectem as experiências e memórias" (Crenshaw, 1988).
O modo como os factores biológicos afectam a agressão não constitui uma teoria, mas são um elemento importante para uma compreensão abrangente biológica e psicossocial do comportamento. “Os cientistas sociais que procuram compreender o terrorismo devem ter em conta a possibilidade de que as variáveis fisiológicas ou biológicas podem desempenhar um papel que leva a pessoa a realizar um acto de terrorismo” (Oots & Wiegele). Os estudos biológicos realizados sobre terroristas são muito raros, alguns dos factores que se acredita serem influentes no papel da agressão são: neuroquímicos, hormonais, psicofisiológicos e neuropsicológicos.
Os investigadores também procuraram métodos estatísticos para explicar a violência, centenas de estudos têm apontado importantes factores de risco para a violência, estes foram classificados em duas categorias: estáticos e dinâmicos.
Os factores estáticos de risco são factores históricos (ex: início precoce da violência), ou disposicionais (ex: sexo) na natureza, e que são susceptíveis de mudar ao longo do tempo. Os factores dinâmicos são tipicamente individuais, sociais ou de factores situacionais que frequentemente fazem mudança (ex: elevados níveis de stress), e portanto, poderiam ser mais propícios a modificação introduzida por meio de intervenção. Embora o terrorismo seja um tipo de violência, os factores de risco tendem a operar de maneira diferente em diferentes idades, grupos e para diferentes tipos de comportamento violento. A maioria das pessoas que têm um conjunto de factores de risco geral para a violência nunca chegam a realizar actos de terrorismo. E muitas das pessoas que chegam a participar nesses actos, não têm um grande número de principais factores de risco para violência geral.
Nenhuma destas teorias aqui apresentadas, ganhou ascendência como um modelo explicativo para todos os tipos de violência. A violência terrorista na maioria das vezes é deliberada, estratégica e é justificada por um ideal político ou religioso, sendo que os seus objectivos quase sempre envolvem um grupo de vários apoiantes. Isto faz com que a apresentação do terrorismo como uma forma de violência seja mais complexa e se torne um desafio para a formação de uma teoria explicativa unificadora.
O terrorismo é um tema de interesse relativamente recente no campo da psicologia. Hoje em dia, ainda não há uma definição exacta de terrorismo, a maioria dos estudos realizados não são empíricos e a investigação existente é, em grande medida inaplicável a considerações operacionais. Estas pesquisas em psicologia sobre o terrorismo carecem de substância e rigor. Os factores culturais são importantes, mas ainda não foram estudados.


O grupo:


Ana Catarina Carvalho

Ana Filipa Viana

Ana Rita Gonçalves

Mariana Bessa

Rita Alves