Somos estudantes de Psicologia na Universidade Católica, do segundo ano.
Este blog foi construido no ambito da disciplina Psicologia da Paz, tendo como tema principal o Terrorismo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009


O tema do nosso blog é o terrorismo, iremos abordar os diversos contributos da psicologia neste campo e o seu impacto psicológico.
Escolhemos este tema, porque nos parece de interesse global e bastante abordado nos dias de hoje, tanto pelos meios de comunicação social, como por entidades politicas, ou em conversas informais em diversos contextos.
O terrorismo sempre esteve presente ao longo dos tempos, nas mais diversas culturas e formas, a sua definição não é consensual.
A expressão terrorismo foi utilizada pela primeira vez no ano de 1790 em plena revolução francesa, quando os radicais jacobinos, em confronto com a burguesia, criaram os chamados tribunais revolucionários para “julgar” e condenar à guilhotina os seus opositores, caracterizando uma fase da revolução denominada de terror (Oliveira, 1899).
Alguns investigadores identificam o terrorismo como um fenómeno histórico, contextualmente situado, que se transforma ao longo dos tempos. Laqueur considera que apenas pode-se dizer que é: “[...] o uso da violência por parte de um grupo para fins politicos, normalmente dirigido contra um governo, mas por vezes contra outro grupo étnico, classe, raça, religião ou movimento politico. Qualquer tentativa de ser mais específico está votada ao fracasso, pela simples razão que não há um, mas muitos terrorismos diferentes” (Laqueur, 1999).
Há pelo menos quatro sentidos para a expressão terrorismo, sendo eles, terrorismo indiscriminado, terrorismo selectivo, terrorismo de estado e, por ultimo, o terrorismo comunitário.
O terrorismo tem vindo a aumentar graças ao grande impacto psicológico que tem nas sociedades e graças à enorme cobertura que a imprensa pode dar a estes acontecimentos. Tendo como objectivo principal destruir a moral das suas vítimas, utiliza a violência para atingir principalmente o carácter psicológico do indivíduo. O medo, que é um instrumento biológico de sobrevivência, supostamente útil para evitar o perigo, passa assim a ser manipulado.
De certa forma, quem sobreviveu ou observou os fenómenos de terrorismo, ou ficam fascinados com o poder dos “terroristas” e passam a apoiá-los, ou ficam chocados e retaliam, ou por ultimo, ficam aterrorizados. É deste modo possível perceber, que os grupos terroristas, vivem das experiências traumáticas que desencadeiam, de modo a obter resultados ainda superiores às suas próprias acções.
O terrorismo não tem que ter necessariamente um rosto ou uma bandeira e pode ser desencadeado apenas por um indivíduo, que não tem que ter uma personalidade ou um perfil psicológico especifico.
As pessoas tornam-se terroristas, por diferentes motivos e tendo objectivos diferentes. A injustiça percebida, a necessidade de identificação e de pertença são características comuns em potenciais terroristas, mas nem todos os terroristas têm doenças mentais, nem todos são psicopatas e apesar de apresentarem, muitos deles, historias de maus-tratos infantis, abusos sexuais ou traumas, no seu historial de vida, estas duas características não são de modo nenhum, factores justificativos únicos destes acontecimentos de grande violência.
Nem todas as ideologias extremistas promovem a violência, no entanto, os terroristas justificam-na sempre, pela necessidade de promoção de uma causa importante, mas não será inteligente perguntar, se em vez de uma promoção de uma causa, não será antes a destruição daqueles que se opõem às suas ideias?
A violência é provocada por variados factores, muitos deles com fortes relações entre si. É provocada por uma complexa interacção entre factores biológicos, sociais/contextuais, cognitivos e emocionais que ocorrem ao longo do tempo. Algumas causas são mais proeminentes para certos indivíduos e para certos tipos de violência e agressão.
O que leva um ser humano a matar outro, a quebrar as suas barreiras, são não só as influências sociais/ambientais, como também a capacidade de cada um para perceber a situação em que se envolve.
O recrutamento destes indivíduos, segundo as investigações e análises já efectuadas, parece estar concentrado nas áreas em que as pessoas se sentem mais insatisfeitas. Os “líderes” destas organizações, têm que ser capazes de manter um sistema de grupo, com rotinas e crenças; controlar o desenrolar da comunicação; manipular incentivos para os seus seguidores; desviar conflitos para alvos externos e manter a acção a rolar.
Tem sido dada muito pouca atenção na psicologia ao desenvolvimento teórico para explicar a violência.
“A teoria mais amplamente reconhecida que aborda as raízes de todas as formas de violência é o modelo psicanalítico. Apesar da sua influência nos escritores da ciência política, sociologia, história, literatura e criminologia, este modelo tem fundações lógicas, teóricas e empíricas fracas” (Beck, 2002). Freud via a agressão como algo instintivo, os humanos têm a energia da vida (eros) e a da morte (thanatos) que procuram um equilibro interno. A violência era assim vista como o “deslocamento” da thanatos para si mesmo ou para os outros.
Uma outra teoria dá como a principal causa da violência humana a relação existente entre a frustração e a agressão. A premissa básica é de que a agressão é sempre produzida pela frustração e que a frustração produz sempre agressão. No entanto, as pesquisas efectuadas, parecem não estabelecer uma ligação assim tão evidente entre estas duas, não é justo então dizer que a frustração por si só seja o factor único necessário. O que se pressupõe é que a frustração leva à raiva, que por sua vez na presença de estímulos agressivos podem levar à agressão. Embora os resultados que foram obtidos posteriormente não sejam coerentes ou contraditórios, “é razoável concluir que estímulos agressivos possam facilitar, mas provavelmente não possam induzir a comportamentos agressivos.” (Tedeschi & Felson, 1994).
A teoria de aprendizagem social sugere que os padrões comportamentais são adquiridos por contingências estabelecidas entre o comportamento e as suas consequências. Quando o comportamento é seguido por resultados desejados, este é reforçado, quando é seguido pelo comportamento indesejado, esse comportamento é “punido”. Esta teoria sugere que a agressão é aprendida não só através de uma experiência directa, mas também através da observação. Deste modo a agressão é vista como comportamento aprendido, aprendemos as consequências do comportamento, como fazê-lo, a quem deve ser dirigido, o que justifica a provocação dele e quando é apropriado. “Se a agressão é um comportamento aprendido, então o terrorismo é um tipo específico de comportamento agressivo, que também pode ser aprendido” (Oots & Wiegele, 1985).
A teoria cognitiva, por outro lado, tem como ideia básica, que as pessoas podem interagir com seu meio ambiente com base na forma como elas o percebem e interpretam, ou seja, fazem um mapa cognitivo do seu ambiente social, e essas percepções determinam o seu comportamento. Há factores internos e externos que podem afectar a percepção de cada um. É frequente encontrar em pessoas que são altamente agressivas estas duas características: uma incapacidade para gerar soluções não agressivas para conflitos e uma hipersensibilidade para perceber estímulos agressivos e hostis no ambiente, principalmente estímulos interpessoais. "As acções dos terroristas são baseadas numa interpretação subjectiva do mundo e não na realidade objectiva. As percepções do ambiente político e social são filtradas através de crenças e atitudes que reflectem as experiências e memórias" (Crenshaw, 1988).
O modo como os factores biológicos afectam a agressão não constitui uma teoria, mas são um elemento importante para uma compreensão abrangente biológica e psicossocial do comportamento. “Os cientistas sociais que procuram compreender o terrorismo devem ter em conta a possibilidade de que as variáveis fisiológicas ou biológicas podem desempenhar um papel que leva a pessoa a realizar um acto de terrorismo” (Oots & Wiegele). Os estudos biológicos realizados sobre terroristas são muito raros, alguns dos factores que se acredita serem influentes no papel da agressão são: neuroquímicos, hormonais, psicofisiológicos e neuropsicológicos.
Os investigadores também procuraram métodos estatísticos para explicar a violência, centenas de estudos têm apontado importantes factores de risco para a violência, estes foram classificados em duas categorias: estáticos e dinâmicos.
Os factores estáticos de risco são factores históricos (ex: início precoce da violência), ou disposicionais (ex: sexo) na natureza, e que são susceptíveis de mudar ao longo do tempo. Os factores dinâmicos são tipicamente individuais, sociais ou de factores situacionais que frequentemente fazem mudança (ex: elevados níveis de stress), e portanto, poderiam ser mais propícios a modificação introduzida por meio de intervenção. Embora o terrorismo seja um tipo de violência, os factores de risco tendem a operar de maneira diferente em diferentes idades, grupos e para diferentes tipos de comportamento violento. A maioria das pessoas que têm um conjunto de factores de risco geral para a violência nunca chegam a realizar actos de terrorismo. E muitas das pessoas que chegam a participar nesses actos, não têm um grande número de principais factores de risco para violência geral.
Nenhuma destas teorias aqui apresentadas, ganhou ascendência como um modelo explicativo para todos os tipos de violência. A violência terrorista na maioria das vezes é deliberada, estratégica e é justificada por um ideal político ou religioso, sendo que os seus objectivos quase sempre envolvem um grupo de vários apoiantes. Isto faz com que a apresentação do terrorismo como uma forma de violência seja mais complexa e se torne um desafio para a formação de uma teoria explicativa unificadora.
O terrorismo é um tema de interesse relativamente recente no campo da psicologia. Hoje em dia, ainda não há uma definição exacta de terrorismo, a maioria dos estudos realizados não são empíricos e a investigação existente é, em grande medida inaplicável a considerações operacionais. Estas pesquisas em psicologia sobre o terrorismo carecem de substância e rigor. Os factores culturais são importantes, mas ainda não foram estudados.


O grupo:


Ana Catarina Carvalho

Ana Filipa Viana

Ana Rita Gonçalves

Mariana Bessa

Rita Alves